domingo, 11 de outubro de 2009

O tempo passa...

...mas, a dor aumenta.
Fui tão forte nos primeiros tempos, sem tempo para parar, sem tempo, sempre sem tempo.
Mas, meu querido Papá, as saudades são tantas! Chamo-te meu Papá, sendo eu mulher feita ecom filhos. Mas, és o meu Papá. Às vezes parece que é tudo um sonho enevuado, daqueles esquisitos que temos às vezes. Não é. Ainda ontem fez três meses que corri para te ir dar o meu último beijo e sentir-te respirar. Não cheguei a tempo! Eu que estive sempre contigo, que te levei de um lado para o outro,que te fiz tantos mimos...não tive o teu último beijo. Entre lágrimas sussurrei-te que iríamos ficar bem, para não te preocupares. Abracei-te, tinhas mesmo acabado de ir...estavas quente...Meu querido Papá! Sei tão bem que não querias ir. Gostavas da vida, de viver, de fazer bem aos outros. Só me preocupa: será que estás mesmo bem? Quero acreditar que sim. Como te disse, nós por cá vamos ficar bem, não te preocupes. Tenho-te sempre comigo! Fica bem!

sábado, 5 de setembro de 2009

Porquê?

Sinto-me zangada, apetece-me ser má. Sinto-me traída. Porquê? Porque tinha de ser assim? Devias ter morrido velhinho, a andar apoiado numa bengala, a dormir na tua caminha. Devias ter gozado os 65 anos, o descanso da reforma. Mas, não. Tudo isso te foi negado, roubado e sentenciaram-te com a morte antecipada. Um homem de gargalhas soltas que morreu sem voz. Um homem com a força de um touro que, agora, precisava de ajuda para se virar na cama.. e sempre com um "Obrigado!" para todos: seringas e seringas, e cateteres, e espetadelas e exames...e tanta dor. "Dor sobre dor", como te dizia num sonho que tive há 20 anos atrás. Não me consigo conformar, não quero acreditar que te foste. Ainda bem que tive tempo para te dizer "Gosto muito de ti!", que te pude fazer festinhas, adormecer-te...dar-te algum conforto, dentro do pouco que pude fazer.Mas,sinto-me inconsolável, mesmo assim! O que eu queria, era ter-te aqui, junto de nós, sem sofreres.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Estamos numa corrida contra o tempo, meu querido! Vejo-te a sofrer num silêncio que tão bem reconheço, de um homem forte e resistente a quem a vida pregou a mais cruel das partidas. E não te posso valer de forma alguma. Iria até ao fim do mundo para te poupar a esta agonia, para te trazer uma cura, um alívio que fosse. Até agora tenho mantido a minha fé em Deus, tento acredita na frase "É a vida!". Só quero gritar muito, muito alto , a Deus e suplicar-lhe: "Não!, Não mo leves porque eu preciso muito dele. Ai, Deus, por favor!não faças isso!". Será que se ficar escrito tem mais força? Só me apetecia estar encostadinha a ti, aninhada como devo ter estado muitas vezes em pequena, protegida no aconhego do teu peito. Quem me dera proteger-te agora. O teu olhar ficou baço, está suspenso no horizonte, vazio...Acredito, no entanto, que não te rendeste, que manténs a esperança num melhor. E é isso que nos dá força, mesmo quando te vejo tão fraquinho, tão cansado, com um ar de quem não percebe porquê... Meu querido super-herói! Não devia ser assim!